
Por ser um espaço com alta complexidade programática, já que demanda serviços de saúde, educação, trabalho, custodiamento, alojamento, serviços industriais e grande aglomeração de pessoas, a preocupação com cruzamento de fluxos, dimensionamento adequado, ventilação e iluminação suficientes, além de minimização do potencial violento da população atendida, são complicadores para a solução espacial. Também é preciso cuidar para que a própria estrutura construída não possibilite a subversão, com a produção de armas com as ferragens, que são transformadas em ‘espetos’. As especificações técnicas necessitam ter características de alta resistência antivandálica, entendendo-se que está resistência não se resume a impactos ou ao fogo.
O arquiteto Casimiro de Oliveira identifica quatro grupos distintos de caracteres semelhantes em alguns partidos arquitetônicos. Para ele, o Brasil tem hoje uma arquitetura prisional própria, que teve suas raízes a partir da década de 1960. Até então, os projetos existentes obedeciam ao partido tradicional da construção da penitenciária como “espinha de peixe”, que consistia num corredor central para o qual convergiam todas as alas construídas, perpendicularmente, a esse corredor.
O Modelo apresentava um grande problema, pois permitia que os focos de motins, nascidos nas alas de celas, rapidamente, tomassem as demais alas de celas, de serviços e alcançassem a administração. Condenado, pela dinâmica do fluxo dos amotinados, esse modelo evolui retirando a administração de dentro da unidade prisional, preservando-a das rebeliões, de forma que ocupasse edificação isolada.
No caminhar dessa evolução brasileira foi tentada também a construção de prédios, seguindo o chamado “estilo pavilhonar”, onde os estabelecimentos eram construídos em pavilhões distintos que tinham a vantagem de isolar núcleos de revoltosos, mas detinham a desvantagem de dificultar o acesso, a manutenção e a segurança desses locais.
Adota-se ainda o “modelo panóptico”, idealizado por Bentham em 1800, cujo controle apresentava-se centralizado, podendo observar todos os módulos de vivência. Esses módulos, por sua vez, dispõem-se de maneira radial ou circular para facilitar a visualização do controle.
No entanto, esse sistema trata de uma filosofia de controle, na qual se encaixam todos os modelos apresentados porque, de certa forma, todos apresentam a tentativa de ver tudo e controlar cada passo do usuário do espaço penitenciário.
No “modelo compacto ou sintético”, os módulos são próximos e o fluxo é mais espalhado, devido à proximidade um do outro, pois essa característica permite a racionalização de fluxos, facilitando uma melhor organização dos espaços de ressocialização. Esse partido tem sido bastante utilizado com o intuito de economizar na execução da obra, contudo apresenta linhas rígidas e dificulta as futuras ampliações que fatalmente acontecem.