segunda-feira, 24 de julho de 2017

COLUNA MEMÓRIA ORAL

Com: Ademir Panciera

Meu nome é Ademir Panciera, entrei no sistema penitenciário em 1985. Comecei trabalhando no Instituto Penal Agrícola de São José do Rio Preto como guarda, depois exerci outras funções e passei pelo complexo penitenciário de Mirandópolis que foi extinto logo em 1992, dividindo-se a unidade em duas e eu fiquei na “Penitenciária I Nestor Canoa”, como diretor de qualificação profissional e produção, atualmente chamado de diretor de trabalho e educação. Ali eu tive uma experiência muito positiva, foi uma verdadeira escola enquanto servidor do sistema penitenciário. 
Em seguida fui convidado pelo então diretor do Instituto Penal Agrícola de São José do Rio Preto pra que eu viesse a ser o diretor de qualificação profissional e produção. Como a unidade era composta por uma fazenda de 280 alqueires, percebi que poderiam ser desenvolvidos vários projetos na parte agrícola e pecuária, foram vários; um deles que eu destaco é a piscicultura que foi uma novidade na época. Foi um amadurecimento, já nesse momento colocando presos pra trabalhar nas empresas fora da unidade prisional, também foi uma experiência muito grande e ao mesmo tempo desmistificando um pouco essa questão da visão que o cidadão tem do preso, na medida em que o preso foi trabalhar nas empresas, não só o dono da empresa, mas os demais funcionários dessa empresa tiveram a oportunidade da convivência com o preso.
Em seguida foram inauguradas vinte e três unidades prisionais em São Paulo e eu fui convidado então pelo Doutor Lourival, pra que eu assumisse a unidade prisional de Riolândia e lá fui eu em 1998. Essa cidade, eu diria que seria o ultimo lugar do estado a ser colocado um presídio em razão da distância e da pobreza do local. A principio tive vontade de sair lá de ré, mas logo fomos acolhidos pela cidade de uma forma tão carinhosa e eu já não queria mais deixar a cidade. Então lá fiquei por pouco mais de cinco anos e meio, quando fui convidado pelo Secretário de Estado da Administração Penitenciária da época, isso no final de 2003, para assumir o cargo de diretor geral no IPA de São José do Rio Preto.
Então voltei para o Instituto Penal Agrícola de São José do Rio Preto, para uma experiência amarga em razão do processo de desativação. E até que ela acontecesse, vivenciamos algo em torno de quatro, cinco anos difíceis, mas assim mesmo conseguimos manter o entusiasmo dos funcionários, manter o presidio em ordem. 
E ai veio à desativação, construiu-se outro presídio, agora não mais  instituto Penal Agrícola, mas Centro de Progressão Penitenciária.