quinta-feira, 17 de março de 2016

ARQUITETURA INTRIGANTE

Presídio de San Pedro, La Paz


A Bolívia enfrentava uma grande crise financeira em 1986. Para resolver a situação, o país aceitou ajuda de economistas de Harvard e também da Escola de Economia de Chicago. As duas instituições aconselharam o governo boliviano a instituir a chamada “terapia de choque”.
Basicamente, a medida privatizou todas as instituições públicas e diversas medidas de austeridade foram adotadas, alterando a legislação de diferentes maneiras. O fato é que a terapia de choque afetou o país inteiro, mas talvez o sistema prisional tenha sido atingido ainda mais.
O que acontece no presídio de San Pedro é que existe uma espécie de aluguel. Aqueles que têm condições de pagar pelo mês de estadia (entre US$ 1.000 e US$ 1.500) vivem bem, dormem em celas espaçosas e bem equipadas, podem receber visitas frequentemente, comem muito bem e são tratados como se estivessem em uma espécie de hotel.
Já os presos pobres, que não conseguem custear a mensalidade do presídio, vivem em celas superlotadas, dormem uns sobre outros, fazem as necessidades em baldes de uso coletivo e comem apenas o que conseguem dos presos ricos – para terem o que comer, roubam os outros reclusos ou aceitam “trabalhos” que ninguém topa fazer. Há relatos de prostituição, inclusive.
Por mais bizarro que pareça, o local é conhecido por atrair turistas à procura de cocaína. Eles sabem que a droga é apreendida frequentemente e têm noção de que é possível comprá-la na própria penitenciária – a substância é muitas vezes vendida pelos mesmos policiais que trabalham no local.