segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

VIDA DE AGENTE

Por Ernani Mangelo Izzo
A vida do Agente de Segurança Penitenciária começa quando se vê na função de exercer a segunda profissão mais perigosa do mundo, onde passará 12 horas do dia enfrentando
todo tipo de situação, típica do ambiente prisional, com um só objetivo: fazer cumprir a Lei de Execução Penal, parte do processo daqueles a serem reintegrados no convívio social.
O trabalho não se resume em abrir e fechar cadeados ou apertar botão de portões hoje automatizados, para cumprir seu objetivo, o Agente se divide entre o trabalho e a família, com mudanças bruscas na rotina e também no comportamento, diferente de antes da profissão.
Durante seu turno de trabalho, aprende a desempenhar outros papéis: psicossocial, mediador de conflito, jurídico, educador, conselheiro e até mesmo enfermeiro, papéis esses essenciais na vida dos encarcerados e de suma importância na manutenção da ordem, da segurança e da disciplina.

Muitas vezes o Agente se vê obrigado a levar alguns problemas para casa, onde dialoga com a família em forma de desabafo, de onde muitas vezes provém sábios conselhos com propostas de resolução.
A questão da extensão do trabalho acaba ocorrendo pelo fato de não existir uma tecla psicológica “liga/desliga”, ainda que algumas pessoas dizem ter encontrado tal tecla, discordo totalmente.
Os passeios com a família em momentos de lazer, tornam-se restritos por conta da profissão, interferindo até mesmo a visita de algum parente residente em comunidade carente, que pela característica cultural local, deixa de ser frequentado, visando a segurança e a integridade física dos familiares.
Em 27 anos de profissão, somados a outros 4 anos de contribuição previdenciária, vejo que o final da missão na Segurança Penitenciária se aproxima e pelo fato da função ser apaixonante, deixa um nó na garganta, pelo fato da possibilidade em fazer algo mais pelo Sistema Prisional, em contrapartida, um grito de alegria sufoca nossos entes queridos, que não veem o momento do tão sonhado, nosso afastamento pela conquista da aposentadoria.
O status de aposentado, não é capaz de mudar a Vida do Agente Penitenciário, porque ele sai do sistema, mas o sistema permanecerá enraizado e nunca mais sairá da sua vida.